domingo, 8 de agosto de 2010

mas eu, fechado no meu sonho

mas eu, fechado no meu sonho,
parado enigma, e, sem querer,
inutilmente recomponho
visões do que não pude ser.

cadáver da vontade feita,
mito real, sonho a sentir,
sequência interrompida, eleita
para o destino de partir.

mas presa à inércia angustiada
de não saber a direção,
e ficar morto na erma estrada
que vai da alma ao coração.

hora própria, nunca venhas,
que olhar talves fosse pior...
e tu, sol claro que me banhas,
ah, banha sempre o meu torpor!

                                       fernando pessoa.



gde! fernando, amigo. continuo a entender através de ti.